sábado, 18 de dezembro de 2010

Preconceito lingüístico

O tratamento da língua como um todo hoje em dia é demasiadamente proporcional ao mundo em que vive-se. Uma língua é caracterizada pela sua forma de comunicação e interação social existente desde o princípio de sua utilização como comunicação verbal independentemente da forma como a fala foi ou é colocada. A distinção entre fala e língua se dá com a diferenciação entre linguagem formal e não-formal. A linguagem formal é aquela usada em ocasiões que necessite-se o uso da norma culta; a linguagem não-formal é aquela que é usada em ocasiões que são desnecessárias o uso de determinadas formalidades. Mas isso tudo não torna desigual a língua em que falamos: o Português.[BR]A língua portuguesa diferencia, como as demais línguas, a fala da escrita. No entanto, não pode-se dizer que uma pessoa analfabeta não sabe o português, pois se não o soubesse não falaria fluentemente esta língua.Um analfabeto não conhece a escrita portuguesa, e não a língua portuguesa.Mas há de se considerar que esta pessoa conhece apenas uma parte da língua que fala, o que o prejudica em parte no seu convívio com a comunidade. E este é um mau que a sociedade deve quebrar porque se continuar a existir analfabetos não haverá desenvolvimento no Brasil. E quanto a língua como escrita, devemos considerar a parte gramatical como uma parte da lingüística e não como um todo, já que a lingüística trata a língua como um todo e a parte escrita ( gramática ) é uma parte desta língua, não menos importante, mas uma parte apenas. No entanto, a sua importância é notória no que diz respeito ao conhecimento e crescimento individual e social de toda uma sociedade. Enfim, há de se saber a diferença entre fala e língua, mas também há de saber que tanto uma como outra são importantes para o dese

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

DIALETO GAÚCHO

O dialeto gaúcho é um dialeto do português falado no Rio Grande do Sul, e em parte do Paraná e de Santa Catarina. Fortemente influenciado pelo alemão e italiano, por força da colonização, e espanhol e pelo guarani, especialmente nas áreas próximas à fronteira com o Uruguai, possui diferenças lexicas e semânticas muito numerosas em relação ao português padrão - o que causa, às vezes, dificuldade de compreensão do diálogo informal entre dois gaúchos por parte de pessoas de outras regiões brasileiras, muito embora eles se façam entender perfeitamente quando falam com brasileiros de outras regiões. Foi publicado um dicionário "gaúcho-brasileiro" pelo filólogo Batista Bossle, listando as expressões regionais e seus equivalentes na norma culta.
A fonologia é bastante próxima do espanhol rioplatense, sendo algumas de suas características a ausência de vocalização do "l" em "u" no final de sílabas, e a menor importância das vogais nasais, praticamente restrita à vogal "ã" e aos ditongos "ão" e "õe". Gramaticalmente, uma das características mais notáveis é o uso do pronome "tu" em vez de "você" (diferente do usado em São Paulo), mas com o verbo na terceira pessoa ("tu ama", "tu vende", "tu parte") porém não é raro ouvir a conjugação do "tu" correta.
Palavras
  • aipim = mandioca
  • ancinho = rastilho, rastelo, ciscador, catador de folhas
  • aprochegar = aproximar-se, chegar perto;
  • aspa = chifre
  • aspaço / aspada= chifrada
  • atucanado = atrapalhado, cheio de problemas;
  • baita = grande, crescido;
  • bergamota = tangerina;
  • borracho = bêbado;
  • branquinho = beijinho (doce);
  • brigadiano = Policial militar da Brigada Militar (corporação equivalente à Polícia Militar)
  • cacetinho = pão francês;
  • cancheiro = pessoa que tem experiência e/ou habilidade em alguma coisa
  • carpim = meia de homem
  • chapa = radiografia ou dentadura
  • chavear = trancar com a chave;
  • china ou chinoca = prostituta; (É um enorme erro pensar que china é prostituta, apenas é uma forma de denominar mulher, ao dizer que as chinas acompanhavam os FARRAPOS, é o mesmo que dizer que as mulheres seguiam as tropas.)
  • chinaredo = bordel; onde fica o chinaredo.
  • colorado = torcedor do Internacional;
  • corpinho = sutiã;
  • cuecão = ceroula;
  • cuia (para mate)= parte da planta 'lagenaria vulgaris' usada para o chimarrão.
  • cupincha = camarada, companheiro, amigo;
  • cusco = cachorro, cão pequeno;
  • entrevero = mistura, desordem, confusão de pessoas, briga;
  • fatiota = terno;
  • folhinha = calendário;
  • gaudério = gaúcho;
  • gremista = torcedor do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
  • guaipeca / guapeca = cachorro viralata.
  • guria = menina, moça;
  • lomba = ladeira;
  • melena = cabelo;
  • minuano = vento vindo do sul que trás as massas gélidas do Pólo Sul.
  • negrinho = brigadeiro (doce);
  • pandorga = papagaio, pipa;
  • parelho = liso, homogêneo;
  • patente = vaso sanitário;
  • pebolim = totó, fla-flu;
  • pechada = batida, trombada (entre automóveis)
  • pedro e paulo = dupla de policiais militares;
  • peleia = briga;
  • piá/guri = menino, garoto;
  • pila = palavra regional que dá nome a moeda nacional, no caso o Real (ex: 10 pila, 25 pila - usa-se sempre no singular);
  • prenda = mulher do gaúcho;
  • quebra-molas = lombada;
  • sarjeta = meio-fio;
  • sestear = dormir depois do almoço;
  • sinaleira = semáforo;
  • tchê = pessoa, "cara";
  • tercear ferro = lutar com adagas, facões ou facas grandes.
  • terneiro = bezerro;
  • trava = freio, breque;
  • tri = muito (ex: trilegal, tribonita);
  • veranear = passar o verão;
  • vivente = criatura viva, pessoa, indivíduo;
  • xirú= índio ou caboclo. Na língua tupi quer dizer "meu companheiro"
Expressões
  • agüentar o tirão = topar a parada, sustentar uma opinião;
  • andar pelas caronas = andar mal, estar em dificuldade;
  • arrastar a asa = enamorar-se;
  • botar os cachorros = falar mal de alguém;
  • chorar as pitangas = lamuriar-se;
  • dar com os burros n'água = dar-se mal, ser mal sucedido;
  • deitar nas cordas = fazer corpo mole;
  • de orelha em pé = atento, de sobreaviso;
  • de rédeas no chão = entregue, submisso, apaixonado;
  • de varde = de balde, em vão;
  • de vereda = imediatamente, já;
  • é tiro dado e bugio deitado = acertar de primeira; ter certeza do que faz;
  • entregar as fichas = ceder, concordar;
  • estar com o diabo no corpo = estar furioso, insuportável;
  • frio de renguear cusco = frio tão intenso que pode deixar um cachorro mancando;
  • índio velho = camarada;
  • ir aos pés = fazer as necessidades no vaso sanitário;
  • juntar os trapos = casar, viver junto;
  • lamber a cria = mimar o filho;
  • largar de mão = desistir, abandonar;
  • matar cachorro a grito = estar sem dinheiro, estar na miséria, viver com dificuldade;
  • meter a viola no saco = calar-se, desistir, acovardar-se;
  • morar para fora = morar no campo (fazenda, sítio ou vila pequena)
  • na ponta dos cascos = (estar) em posição excelente, pronto para atuar;
  • no mato sem cachorro = em dificuldade, em apuros;
  • olhar de cobra choca = olhar dissimulado;
  • se aprochegar = chegar mais próximo, se acomodar;
  • sentar o braço = surrar, espancar, esbofetetar, bater;
  • terneiro guacho = tomador de leite;
  • tomar uma camaçada de pau = apanhar;
  • tomar uma tunda de laço = apanhar;
Interjeições
  • Bah! = Nossa! - é primariamente, uma interjeição de espanto, mas pode ter outros usos, como, por exemplo, mostrar hesitação ao iniciar uma frase.
  • Capaz? = É mesmo?, Imagina! - indica espanto e dúvida ao mesmo tempo quanto ao que a pessoa acabou de ouvir.
  • Que tri! = Que legal!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

GÊNEROS TEXTUAIS E LINGUAGEM DA INTERNET

Já é certo que as pessoas, hoje, não vivem sem acessar a Internet. Nem que seja uma vezinha por dia, para olhar os scraps. E parece mesmo que o scrap virou a mais moderna forma de se comunicar, mas não esquecendo os gêneros digitais existentes, como o MSN Messenger (o mais popular dos "messengers"), o e-mail (pioneiro nessa forma de comunicação virtual), os blogs e até os flogs.

É claro que a Internet serve para muitas outras funcionalidades, mas a comunicação é a principal característica de todos os recursos da rede. E uma vez que se fale de comunicação, o scrap, como já dito, é a principal forma de trocar mensagens na Internet, por intermédio do Orkut.

Ao se fazer uma análise da funcionalidade do scrap, percebemos que ele é uma forma evoluída do bilhete comum e, como tal, carrega as mesmas funções do seu antepassado, mas ainda não inutilizado, bilhete. Serve para comunicar algo a alguém, de forma curta e prática.

E quando se fala nesse tipo de evolução, devemos conhecer o que são os gêneros textuais, suas evoluções e adaptações.

Gêneros textuais são tipos estáveis de enunciado que refletem as condições específicas e as finalidades de utilização da linguagem. Em outras palavras, é o nome que se dá a cada tipo de enunciado, como: bilhete, redação, carta, scrap, e-mail, artigo científico (gêneros textuais escritos), palestra, notícia televisiva, rádio-novela (gêneros textuais falados), piada, canção, anedota (gêneros textuais escritos e falados) etc.

Luiz Antônio Marcuschi, pesquisador da área de gêneros textuais e professor da Universidade Federal de Pernambuco, observa que o surgimento de novos gêneros textuais nada mais é que uma adaptação dos gêneros às tecnologias encontradas atualmente. O scrap é, então, um gênero textual que deixou de ser bilhete para se transformar no que é hoje. Marcuschi observa ainda que a depender de onde o texto seja inserido, ele será um ou outro gênero textual.

Nessa adaptação a essas tecnologias, a função de deixar uma mensagem para alguém ficou mais dinâmica, pois o scrap permite a resposta imediata do recado e, mais recentemente, o usuário que estiver conectado ao Orkut pode saber quando alguém o manda uma mensagem, através de um quadro de avisos que aparece no canto inferior da janela.

Assim como a função do bilhete é deixar uma pequena mensagem para alguém, o scrap mantém tal característica, nos levando a outra reflexão.

Nas conversas de internet e nas mensagens do orkut, observa-se, já há algum tempo, o surgimento do Internetês, que nada mais é que uma forma específica de se comunicar, cuja característica principal é a simplificação de palavras.


Existem também formas acrescidas de palavras, que não refletem a lei supracitada, mas demonstram a capacidade de criação dos internautas e uma necessidade de manipular a língua portuguesa a fim de dar características próprias ao que se fala na internet. Tais palavras são, por exemplo: "naum", "amow", "tah", "jah", "eh" etc.

Vê-se também formas exageradas de se expressar o que se quer dizer, como por exemplo: "amoowwww", "bejãooooOoOoOoO", ou frases que requerem uma maior análise para que se entenda o significado, como: "MAR É DOJXA VISSE?" cujo significado seria: "mas é doida, viu?". Aqui no Brasil, para alguns, esse tipo específico de linguagem é chamada de miguxês.

Na linguagem da Internet, existem ainda duas formas de comunicação que são bastante utilizadas pelos internautas: o smile e as risadas onomatopaicas.

O smile, ou emoticon, expressa as emoções das pessoas que estão utilizando a comunicação. Alguns exemplos comuns são: :) , :( , :P , 8-), XD , :| , ¬¬ , #-D etc. São variadas as formas de smile que se encontram hoje.

As risadas representam as onomatopéias de risadas normais, e algumas bastante anormais. São elas "hehehe", "rsrsrsrsrs", "kkkkkk" e, algumas novas "auhuhauhauha", "ahuhusahusahuauhs", "heaoueahaoeuah" etc. E, ainda, a risada padrão importada da língua inglesa, já simplificada "LOL", que significa "Laughing Out Loud".

Diante dessa linguagem nova que o scrap apresenta, o jovem, principalmente, pois este é quem está em formação lingüística, deve se preocupar em não utilizar o internetês em textos onde a norma culta é necessária, como redações, cartas formais, provas etc.

Há teorias lingüísticas que dizem que a língua sofre mutações diariamente. A linguagem oral sofre essas alterações dia-a-dia e é mais perceptível, pois não há regras no que chamamos de português não-padrão, que é a linguagem que utilizamos diariamente, sem se preocupar com as normas do português padrão.

Mas ao contrário da linguagem oral, a escrita ainda se preocupa com as normas, porque ela, a escrita, evolui menos que a oral. Claro que a linguagem da Internet vem derrubando isso aos poucos, criando neologismos e provocando uma verdadeira mutação lingüística. Mas ainda deve-se atentar às maneiras de como escrever o texto. Existe na Internet a liberdade para simplificar as palavras e até criar outras novas, porque esse tipo específico de linguagem reproduz a linguagem oral, o português não-padrão.

Portanto, deve-se usufruir do Internetês, separando-o dos lugares onde a norma culta ainda é necessária. Cada gênero textual carrega suas próprias características, inclusive no que diz respeito a que linguagem utilizar, ou não. Seria muito estranho vermos um scrap começando com "à Vossa Senhoria" ou finalizando com "Atenciosamente". O internetês tem lugar próprio para ser utilizado, assim como o tem o português padrão. Saber utilizar cada um em seu lugar é que faz de cada pessoa uma boa usuária da língua portuguesa.

Uma boa dica, para concluir, é conhecer os gêneros textuais e perceber que tipo textual e que tipo de linguagem está sendo usado em um ou em outro gênero. Desse jeito, fica mais fácil produzir textos para fins específicos e, é claro, pratica-se a leitura de uma forma geral.

ORTO E GRAFIA

Preconceito linguistico

O PORTUGUÊS.COM

A comunicação expressa das salas de bate-papo e dos blogs está mexendo com o idioma em casa e nas escolas. Isso é bom?
ANA PAULA FRANZOIA E ANTONIO GONÇALVES FILHO
Denise Adams/ÉPOCA
NAVEGADORES
Rafael, Pedro, Victor e Gustavo não usam a língua da rede na escola
A vida lingüística do futuro está por um fio? Há quem suspeite que sim e culpe o pragmatismo dos usuários da internet por sua agonia. Na ânsia de se comunicarem num curto espaço de tempo, eles abreviam palavras ao limite do irreconhecível, traduzem sentimentos por ícones e renunciam às mais elementares regras da gramática. O resultado dessa anarquia comunicativa divide opiniões. Lingüista respeitado, o inglês David Crystal, autor do livro A Linguagem e a Internet, chama esses defensores da sintaxe de alarmistas e não prevê um futuro desastroso para a gramática por causa da rede. Lembra que a invenção do telefone provocou a mesma desconfiança dos estudiosos, preocupados com o risco de uma afasia epidêmica entre os usuários. Por incorporarem uma linguagem cheia de 'hã, hã' e 'alôs', eles corriam o risco de perder a capacidade de expressão e a sociabilidade. Não foi o que ocorreu, lembra Crystal. Ele faz uma previsão otimista: o jargão dos chats (salas de bate-papo) e dos blogs (diários que se tornam públicos) pode estimular outras formas de literatura e desenvolver o autoconhecimento do jovem, como percebeu ao analisar o conteúdo de blogs ingleses.
O outro lado da história é contado por psiquiatras. Pais de adolescentes com distúrbios de linguagem estão levando os filhos ao consultório e recebendo um diagnóstico, no mínimo, preocupante: suspeita-se de uma onda de 'dislexia discursiva'. O jovem, que até então não apresentava nenhum problema na escola, começa a ter uma avaliação catastrófica dos professores. Perde a capacidade de entender o que lê fora do ambiente da rede. Sem entender, não tem condições de julgar, e sem posição crítica fica incapacitado de reflexões profundas sobre a realidade que o cerca. Os pais imaginam que o filho está mentalmente perturbado ou tomando drogas, mas ele apenas renunciou a seu potencial expressivo para adotar a linguagem estereotipada da internet. Adolescentes viraram suas vítimas preferenciais.
Os jovens erguem uma barreira contra seus pais, que não compreendem uma só palavra das mensagens trocadas com os coleguinhas, mas ficam igualmente isolados, incapacitados de escrever segundo os códigos lingüísticos formais. O alerta é do médico e neurocientista paulista Cláudio Guimarães dos Santos. 'Essa simplificação da linguagem pelos adolescentes não pode ser entendida como alternativa, porque esse código acaba tomando o lugar da escritura convencional', analisa. 'Ninguém escreve um tratado de física com carinhas e usar o código da rede sem dominar o formal gera erros de percepção.' O psiquiatra refere-se aos ícones conhecidos como emoticon, que os internautas usam no correio eletrônico e em seus weblogs para comunicar aos interlocutores que estão tristes, alegres, entediados, eufóricos ou simplesmente indiferentes.

DICIONÁRIO DO INTERNAUTA Algumas grafias usadas nas conversas virtuais entre os adolescentes que visitam salas de bate-papo e blogs
Falou, tchauFlw
ProfessoraPsora
MolequeMulek
AdivinhaAdvinha
FirmezaFmz
AbsurdoBsurdo
AquiAki
BelezaBlz
BonitoBunitim
EntãoIntaum
CaraKra
CasaKsa
NãoNaum
ValeuVlw
Fotos: reprodução
Os traços sintéticos dessas 'carinhas' e a linguagem telegráfica dos blogueiros não são recursos meramente funcionais, adverte o médico. Eles revelam que esses jovens consideram supérflua a escritura formal. 'Ao contrário da fala, a comunicação escrita exige aprendizado e ninguém aprende se não tiver interesse genuíno, o que leva o adolescente a optar pelo código anárquico da rede.' O professor de língua portuguesa David Fazzolari, do Colégio Nossa Senhora das Graças, em São Paulo, discorda, argumentando que a curta existência da internet não justifica previsões pessimistas. A linguagem usada nas salas de bate-papo e nos blogs, diz, é um simulacro da comunicação oral, dinâmica por natureza.
'As abreviações, os signos visuais e a ausência de acentuação representam apenas um jeito de se adaptar ao teclado', observa o professor. Ele não acredita que a norma culta será contaminada pela simplificação. 'Os adolescentes sabem que ela deve ficar restrita ao ambiente da rede e não tenho notado um empobrecimento nos textos dos alunos por conta da adoção do código da internet.' Mas as redações poderiam ser melhores se a leitura fosse um hábito familiar, admite.
O estudante Leandro Rodrigues Gonçalves, de 17 anos, mantém seu blog como um diário para 'criticar' religiosos, 'polemizar'. Como outros blogueiros, começou a usar 'eh' no lugar de 'é' e trocar 'não' por 'naum' até pensar no vestibular e concluir que era melhor render-se à sintaxe convencional. 'A rede me estimulou a ler e a escrever poesia', conta. Já Victor Zellmeister, de 15 anos, acha que a internet não aprimorou seu desempenho. Assim como o colega Gustavo Simon, garante não usar a 'língua' da internet na aula. Colega dos dois, Rafael Mielnik não confunde rede com escola. 'Só uso a net para inutilidades.'
Educadores não identificam perigo nessa linguagem eletrônica. 'Costumamos ver com desconfiança aquilo que foge ao nosso controle, mas não acho que a rede empobrece a língua', afirma a orientadora pedagógica Elione Andrade Câmara. Com ela concorda David Crystal, que costuma rir quando alguém diz que a nova tecnologia está sufocando a gramática e matando a cultura: 'Sinceramente, acho até que a literatura possa ficar mais rica ao incorporar expressões de blogueiros do meio rural, produzindo outros gêneros e abrindo uma dimensão diversa para a escrita'. Assim seja.